Algumas coisas não são fáceis de resolver. Inventário é uma delas. Algumas posses aqui e ali, algumas dívidas aqui e ali, complicações aqui e ali.... enfim, não é fácil.
No último final de semana fui olhar a casa na praia de meu falecido pai com a família. Uma construção quase pronta em um condomínio fechado em uma lagoa. Legal, né? Sim, até seria se não fossem diversos fatores que nos obrigarão a vender ela, todos tem suas prioridades e ninguém no momento pode arcar com essa parte integralmente na divisão de bens.
Entretanto, isso não é nada de mais, é parte do processo. O mais difícil foi realmente ir lá. Andar por aqueles cômodos, ver uma casa linda, visualizar em cada cômodo um futuro que não acontecerá. Eu sempre passei os finais de ano com o meu pai, sua esposa e meus irmãos, na casa da praia dele (que era outra antes dessa). Em seus últimos anos de vida, ele adquiriu essa propriedade e estava exaustivamente construindo sua morada definitiva, ele queria se mudar pra lá e curtir a aposentadoria.
Uma casa linda, ampla, em um local paradisíaco. Falávamos tanto de lá, de como ele queria que eu fosse todos os finais de semana possíveis no verão para aproveitar com eles. Um daqueles quartos seria só pra mim e minha namorada (fosse quem fosse rsrs), e ele me mostrava fotos do passo a passo da construção, que eu nunca tinha visitado até então. Eu imaginava tantas festividades, tanto descanso, tardes ensolaradas de verão (e, por quê não, tardes frias de inverno também) destinadas a minha família.
Bem, quis o destino que ele se fosse, que o sonho de veranear com meu velho tomando cerveja na beira de uma lagoa ficasse apenas em sonho. Ir lá me doeu muito, um aperto no coração. Como sinto saudades dele, nossa, que falta ele me faz. Ver aquela casa dos sonhos ativou meus sentimentos. Sonhos que nunca se realizarão.
Procuro forças para seguir a vida, que é muito mais difícil desde que ele se foi. Mas eu encontrarei essa força, um dia talvez eu tenha minha própria casa dos sonhos, com minha própria família que amarei muito e nunca abandonarei por escolha própria como ele fez. Ou talvez não, quem sabe eu continue gastando meu dinheiro em Heavy Metal, cerveja artesanal e bonequinhos importados. No fim, nunca sabemos o que vem pela frente, mas nada nos impede de sonhar.
2 comentários:
Ah, Eric! Os sonhos não-concretizados... como eles doem.
Sinto muito por isso.
Mas, olha, eu vou ficar torcendo para que você realize os seus. Independente de quais sejam.
Beijão!
Helena, que todos nós consigamos o melhor em nossas vidas. Com esforço e dedicação, tudo é possível.
beijão!
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