A principal mudança da vida adolescente para a vida
adulta são as preocupações. Nos preocupamos com o emprego, com a família, com
os amigos, com o carro, com a casa, com o cachorro, com as contas, com a
faculdade... enfim, nos preocupamos com quinhentos milhões de coisas ao mesmo
tempo.
Elas tornam-se puramente por necessidades, são
necessárias para conquistarmos nosso espaço neste mundo. Sem elas, pode vir a
estagnação, e considero isso, sempre, pior do que estar bem ou mal de vida. Mas
eu não queria nada disso. Por vezes paro para pensar sobre minhas preocupações,
e como elas me afetam.
Tenho tido tantas preocupações ultimamente, que sinto
que as conquistas que elas almejam estejam sacrificando pontos cruciais da
minha vida. Olhei, por acaso, para minha pasta de desenhos esses dias, e reparei
que não encosto meu lápis em uma folha já faz quase um ano. Eu arranjei tempo
para trabalhar, para estudar, para praticar exercícios, para beber, para ficar
horas na internet, para ir a festas, para correr atrás de mulheres que não me
queriam, mas não dediquei uma hora que fosse para o meu mais prazeroso talento
artístico. Ao traçar um comparativo, percebi que não só o desenho, mas muitas
outras coisas essenciais para minha saúde mental e emocional ficaram em segundo
plano quando iniciei a “vida adulta”.
Eu quero me preocupar menos e dedicar mais tempo a
mim mesmo, mas não posso me dar a esse luxo completamente, corro o risco de
perder oportunidades para um futuro de sucesso. Entretanto, será que um futuro
de sucesso é satisfatório quando se sacrifica os prazeres próprios para
alcançá-lo? Estarei feliz aos 50 anos, quando tiver uma família e dinheiro, mas
ter desperdiçado meus dons artísticos ou aqueles pequenos momentos que não
aproveitei por pressa ou preguiça?
Preciso viver enquanto tenho disposição e vontade de
viver. Essa será minha maior preocupação a partir de hoje. E espero que ela se
mantenha para sempre.
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