Ele está preso, o monstro, com amarras fracas que
tentam contê-lo. Eventualmente ele se solta e tenta causar o mal. Mas esse mal
talvez não seja mal, talvez seja apenas uma reação à liberdade que não lhe é permitida.
Porque, apesar de ser um monstro, ele é verdadeiro, é sincero, não nega sua
origem e motivações, baseados nos sentimentos puros e crus da brutalidade
ancestral. Quando tem a oportunidade ele faz o que quer.
Ele luta, grita, briga, xinga sua contraparte. Ele
quer ter mais participação na vida real, esse monstro, quer realizar seus
desejos e suas vontades. Ele não descansa, apesar de em alguns momentos dar uma
trégua para o ser humano que lhe representa externamente. E esse ser humano é o
contrário do monstro, pois ele tenta se iludir com a realidade interior. Ele
sabe desse monstro dentro dele, mas não expõe para os demais, tenta mostrar
apenas o que acha “decente”, o que não prejudicaria sua “imagem”. Quem sabe o
ser humano não seja o verdadeiro monstro?
É uma luta sem fim, mas não é uma luta do bem contra
o mal. Eles se completam, um não pode viver sem o outro. Um não pode dominar
completamente o outro, não há certo e errado. O monstro quer reações, quer
expor sua verdadeira face, enquanto o ser humano quer ser racional e mostrar-se
superior perante o mundo. Eles se odeiam, o ser humano e o monstro, mas ao
mesmo tempo se amam, e sentem inveja um do outro.
Não importa quem esteja no comando no momento, o
outro sempre tentará se intrometer para fazer as coisas do seu modo. Nem ao
menos sei quem está escrevendo este texto, se é o ser humano ou o monstro. Só
sei que a luta é contínua.
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