Agora que chegou aqui não tem mais volta, meu amigo.

Então leia e aproveite o que minha loucura criatividade tem para oferecer.

domingo, 18 de julho de 2010

Por fora das coisas

Me sinto um velho careta. Não por causa da minha idade avançada (20 anos), nem por ideias retrógradas ou ultrapassadas (bissexualismo é frescura, ou um ou outro) mas pelo simples fato de que não conheço a grande maioria das novidades musicais dessa juventude moderna.

Deixe-me explicar melhor. A alguns anos, quando eu ainda estava no segundo grau (lá nos longínquos 2006 e 2007) encontrava-me a toda sabedoria dos jovens e suas tendencias, seja no ambiente musical, vestimentas ou gostos inusitados. Embora eu odiasse praticamente tudo, nada me escapava, sempres estava por dentro dos assuntos. Até sobre as bandas emos/rappers/vidalokas que tocavam nas rádios e MTV.

Certo, saí dessa fase ao entrar na faculdade, onde meus horizontes e conhecimentos se ampliaram. Bem, pelo menos é o que eu achava até a pouco tempo.

Resolvi ver tv esses dias, coisa rara pra quem trabalha e estuda diariamente. Liguei na MTV. Imagine a minha cara ao não reconhecer praticamente nenhuma banda ou artista apresentados pelo canal. Todos com a mesma ruindade que tinha antes claro, mas mesmo assim nenhum nome me era familiar. Como pode ter mudado tanto???

Em alguns lugares que eu vou algumas rádios ficam tocando enquanto comemos ou olhamos a internet. Porra, nenhuma música ou banda das rádios jovens estava presente na minha mente (menos NX Zero e Fresno, esses eu ainda peguei o início). E as roupas e cabelos da garotada não fazem sentido, não conheço o "movimento" a que elas pertencem. Quem dirá então quando falam das bandas preferidas perto de mim???

A gota d'água foi quando voltei a fazer academia esse mês, e fica ligado uma tv com o canal de clipes durante os exercícios. Puta merda, em nenhum, mas nenhum mesmo, eu reconheci as músicas ou cantores!!!! De onde surgiu essa leva de músicos, sendo que sequer me eram familiares os nomes????

Restart, Justin Bieber, Lady Gaga, Cine, Tokio Hotel, tudo isso é coisa que descobri por acaso graças a piadas na internet. Mas bem por acaso mesmo, porque nem fazia ideia que existiam até uns dois meses atrás.

Tá, não faço questão de conhecer essas porras todas, continuo achando um monte de ***** fumegante. Mas me sinto um dinossauro musical. É chato ver que essa fase já não me pertence mais, e que nessas ocasiões fico totalmente deslocado dos demais.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

O garoto

Naquele dia em especial eu havia chegado mais cedo do trabalho, e me encontrei com a casa vazia. Sentei no sofá e liguei a tv, onde passava o filme "Duas Vidas" do Bruce Willis, aquele onde o cara encontra a versão dele criança. Fiquei assistindo por uns minutos, até que olhei pro lado e tomei um baita susto. Encontrei a mim mesmo, com mais ou menos oito anos de idade, sentado no canto oposto do sofá.

Eu: Ei, que tá fazendo aqui?
Eu menor: Tô esperando começar o filme do Stallone. Acho que tá quase na hora.
Eu (meio tonto com essa): Não passa mais filme do Stallone de tarde guri, as emissoras vetam tudo que tem violência.
Eu menor: Ahhh não, sempre é assim, nunca consigo o que quero...
Eu: Qualé cara, tu tem uma vida boa. A mãe dá tudo que tu quer, todo mundo é carinhoso contigo, sempre progride em tudo que faz e é cheio de brinquedos.
Eu menor: Mas nem posso sair pra brincar na rua. Que saco.
Eu: Mas vai poder cara, vai poder muita coisa.
Eu menor: Tem certeza?
Eu: Absoluta.
Eu menor: Vou poder pegar o carro e sair por aí bebendo, brigando e xingando todo mundo?
Eu: Tá, não vai poder fazer tudo. Aliás, que idade tu tá agora?
Eu menor: Oito.
Eu: Então aproveita pra bater nos outros enquanto pode, porque a partir do próximo ano vai ter que parar com isso, vai encher de gangues na escola.
Eu menor: Saco. E como é ser adulto?
Eu: Não muda muito do que tu é agora, com a diferença que eu já aprendi várias lições que tu ainda tá por ver.
Eu menor: Me diz tudo que eu preciso saber, daí já fico preparado.
Eu: Não. Nunca espere nada dos outros, acabará descobrindo por ti mesmo.
Eu menor: Tá bom, tá bom.
Eu: Mas te dou umas dicas. Vai anotando aí.
Eu menor: Oba!!
Eu: Sem mentiras e trapaças, independente do que os outros façam. Pagode é uma merda, ouça AC/DC e Judas Priest. O que tu tanto olha quando aquelas gurias passam é mais normal do que tu imagina, vai descobrir que não é tão estranho assim. E por último, mas não menos importante, brinque com o seu cachorro o mais que pode, faça dele um bichinho muito feliz.
Eu menor: Tá bom, não entendi muito bem, mas vou lembrar disso tudo.
Eu: Acho que não vai lembrar, te conheço muito bem hehe.
Eu menor: Posso te fazer uma última pergunta?
Eu: Faça.
Eu menor: Quantas tu já namorou? 15? 20?
Eu: Olha, nem tantas que tu possa te glorificar, nem tão poucas que tu possa te desesperar.
Eu menor: Que baboseira hein, acha que é fácil me enrolar, é?
Eu: Sim, vai descobrir que é muito fácil, já disse que te conheço muito bem.

Pra escapar de mais perguntas como aquela troquei de canal. Não é que tava mesmo dando o filme do Stallone no meio da tarde? Bem o Stallobe Cobra, e na parte do assalto no supermercado, minha (nossa) preferida.

"Você é uma doença. Eu sou a cura." - Dissemos ao mesmo tempo, para meu espanto.

"É, alguns hábitos e gostos não mudam, ainda bem", pensei. Mas quando virei a cabeça para comentar isso com o meu eu pequeno, o canto do sofá estava vazio. A criança voltara para o lugar de onde surgira, e de onde espero que nunca desapareça. Voltara para dentro da minha mente.