Agora que chegou aqui não tem mais volta, meu amigo.

Então leia e aproveite o que minha loucura criatividade tem para oferecer.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Na ponta do lápis

Com o lápis e uma folha de papel em minha frente, tudo que eu queria era fazer um simples desenho. Mas estava de cabeça cheia. Pensamentos e mais pensamentos, comprimindo cada pedaço do cérebro com suas significâncias.

Fiz um risco a mão livre. Foi de uma ponta a outra. Mas ele continuou, fez um arco e seguiu.

Deixei minha mão guiando aqueles riscos, vamos ver no que vai dar.

Surgiu uma cenário simples com um espaço em branco no meio, sem muitos elementos. Mas a ponta do lápis seguiu colocando detalhes e sombras. O que eram? Será que prateleiras ao fundo? Acho que sim.

O lápis foi para o meio, começou a contornar um rosto. Robusto, sério. Olhos marcados com uma sobrancelha forte, nariz médio, barba cerrada. Peraí, era meu rosto? Provavelmente.

Mas minha mão não parou. O lápis começou a revisitar outros extremos. Deixando traços cada vez mais fortes e sombrios, a estante ao fundo começou a ficar suja e decadente, como se estivesse podre e velha.

Mais do que isso, o rosto que parecia o meu começou a se transformar. Virou sério, começou a mudar a expressão, parecia louco. Serei eu ainda?

Cada vez mais sombrio, malicioso, esse retrato personificava o mal. Serei eu o mal encarnado na terra? Todo esse desenho vem sem eu ordenar. Que magia é essa?

Chegou um ponto que não aguentei mais ver. Era horripilante o ser desenhado. Um demônio indescritível, cujo ódio encarnado no olhar despertava o desespero naquele que desafiasse encará-lo.

Pulei da mesa de desenho. Suando, desesperado, esfreguei meus olhos para tirar aquelas imagens da mente. Olhei de novo e o papel estava vazio.

Eu não desenhei nada. Eram só pensamentos. Estava apenas de cabeça cheia.