Agora que chegou aqui não tem mais volta, meu amigo.

Então leia e aproveite o que minha loucura criatividade tem para oferecer.

sábado, 29 de outubro de 2011

Assembléia dos Sentimentos

Aconteceu o pior: a garota que ele amava lhe deu um fora. Com o impacto de receber a notícia, todos os sentimentos e sensações que nele existem se reuniram em uma assembléia para decidir que informação deve ser passada para o mestre Cérebro coordenar o corpo.
Atenção todos! Precisamos decidir urgentemente a reação do cara! O Cérebro exige uma resposta o mais rápido possível! – falou chorosamente o Amor, que estava em prantos por ter sido rejeitado.
Não há o que fazer, vamos apenas ficar quietos. – indagou a Vergonha.
Nunca! Deixemos o fracasso de lado e tomemos uma atitude digna! – bradou a Coragem. A Confiança deu um urro em concordância.
Ei! Não precisa me avacalhar, to quieto no meu canto. – retrucou o Fracasso.
Eu concordo com uma reação. E que seja dolorosa! – gritou a Vingança, sendo fortemente apoiada pela Mágoa, o Ressentimento e os irmãos Raiva/Ódio.
Discordo disso. O que aconteceu, aconteceu, precisamos rever nossos conceitos e não deixar que isso nos incomode. – falou o Perdão. Este foi apoiado pela Compreensão. Mas apenas por ela.
E agora? O que vamos fazer? – disse a Ansiedade.
Apenas mandemos ele ficar sozinho e pensar no que fez de errado. – sugeriu a Calma. A Dor condoeu-se com essa resposta, pois sempre sobra pra ela nesses momentos.
Pensar no que fez de errado? Ela que está errada, aquela tola. – exclamou com vontade o Desprezo. O Rancor pensou em complementar a frase com algo mais forte, mas calou-se no último segundo.
Claro que fez algo de errado! Quisera eu que não tivesse feito! – era a Culpa, que começou a se auto flagelar, mas foi impedida pela Tristeza e a Decepção.
Chega! Vamos parar com esse papo furado. – gritou a Sabedoria.
Todos se calaram e esperaram o que a Sabedoria tinha a dizer.
Vamos mandar ele ligar pra um amigo e ir tomar cerveja no buteco da esquina! – disse ela, gloriosamente.
A Alegria e a Vitória começaram a aplaudir esta que seria a decisão mais acertada para enviar ao Cérebro. À exceção da Vingança e dos irmãos Raiva/Ódio, todos concordaram com isso. A maioria manda, esse é o princípio de uma democracia.
Quem levou a decisão para o Cérebro? A Indiferença. Afinal, não está nem aí pro que aconteceu. 

domingo, 23 de outubro de 2011

Lembranças em miniatura

Era sábado de noite e eu estava em casa. Entrei no meu quarto com meia garrafa de cachaça, liguei o som em um volume mediano (pra não acordar o resto do povo) e comecei a tomá-la com trilha sonora do bom e velho Black Metal norueguês.
Se você já leu alguns textos meus, deve ter percebido que os momentos que fico sozinho geram reflexões sobre a vida e meu dia dia. Com o acréscimo da cachaça e do Black Metal norueguês acho que foi uma das noites mais produtivas que tive nesse sentido. O trabalho, os erros/acertos pro meu futuro, as maneiras que posso contribuir pra ajudar minha família, aquela garota maldita que tá me enrolando, meus estudos... enfim, uma coisa se conecta a outra e eu acabo fazendo uma “auto análise terapêutica”.
Mas o que realmente interessa disso tudo foi o momento que resolvi abrir minha caixa de lembranças. Caso não saiba, há uma caixa  grande em cima do meu armário onde guardo aquelas coisas que não consigo botar fora, algumas desde que eu era um pequeno nerd fã do Jaspion. Como eu estava pra lá de bêbado, foi provavelmente o momento mais emocional que tive nos últimos meses (quiçá no ano), visto que eu não mexia em nada daquilo a muito tempo.
Havia um chaveiro em formato de coração com uma frase bonita (deve ter uns 30 anos, mas guardo ele), um urso de pelúcia em miniatura dentro de uma redoma (sim, é fofo, mas continuo malzão), um carrinho do Batman (único que meu primo nunca botou as mãos pra quebrar), uma pequena jaqueta de quando eu era bebe... Alguns itens são muito pessoais e você que lê não entenderia o motivo que eu tenho pra guardá-los, é melhor eu omitir a maioria.
Uma caixinha quadrada eu não lembrava o que era. Abri ela e havia uma segunda caixinha dentro. Dentro desta segunda caixinha, havia um bilhete escrito a mão. Droga, pra que fui ler o bilhete? É uma mensagem que me magoa desde a adolescência. Eu deveria queimar esse papel, mas acabei guardando no mesmo lugar, fechei a caixa grande e coloquei-a novamente em cima do armário. A caixa de lembranças felizes e importantes óbviamente tinha uma lembraça triste e depressiva.
Fechar a caixa fechou o ciclo filosófico da noite, não havia motivos pra continuar avaliando passado/presente/futuro. Fui para a sala e liguei a TV. Meu Deus! Jaspion passando depois da meia noite!!
Independente se o saldo final de pensamentos foi feliz ou foi triste, impossível ficar mal quando olho Jaspion. GIGANTE GUERREIRO DAILEON!

sábado, 15 de outubro de 2011

O ruim de ser bom

Eu sou uma boa pessoa. Não, esse não é um auto elogio narcisista, eu passei a vida inteira ouvindo isso de amigos, parentes e colegas. Claro, também sou cheio de defeitos, mas tenho que concordar, de fato sou um cara bom. Bom demais, e isso é um problema.
 
A bondade é relativa, varia muito da concepção de cada um, no meu caso é referente a tratar bem os outros. Percebi isso recentemente, quando recebi a ligação de uma funcionária da empresa que queria falar comigo, mesmo o assunto em questão sendo com minha colega (e ela sabia disso). Ao término da demanda minha colega disse “Ela sabe que tu não tem nada a ver com o assunto, mas eu xingo muito, daí liga pra ti porque tu é bom com ela.”.
Como assim, mano? – eu me questionei.
Pois caiu a ficha: eu sou bom demais com os outros, mesmo quando não gostaria de ser. Posso estar cheio de coisas pra fazer e no limite da razão, mas acabo sendo cortês e atencioso com qualquer um que me ligue ou venha conversar, por mais esdrúxulo e inútil que seja o motivo de me chamar a atenção.
Esse comportamento se reflete em todos os aspectos da minha vida. Sou um bom colega de aula/trabalho, as pessoas gostam de fazer as coisas comigo, mas eu não consigo chutar o balde com aquele(a) inútil que não contribuiu em nada. Sou bom com meus amigos e sempre ajudo eles quando posso, mas é muito difícil xingar quando pisam na bola ou fazem coisas questionáveis. Da mesma maneira, uma garota que tenha me tratado como um lixo geralmente não recebe a minha gloriosa dose de fúria, por mais que eu queira liberá-la.
Isso acaba sendo bom para minha imagem, pois as pessoas me tem como uma indicação positiva para se relacionar. Porém, a nível pessoal, eu me questiono se deveria mudar isso para satisfazer meu ego. Podem me achar bom nessas situações, mas as vezes me acho um mané no grupo de estudos/trabalho, um amigo sem influência no círculo de amizades ou um palhaço submisso quando não trato no mesmo nível alguém que tenha pisado em mim.
No fim das contas, não vou mudar nada em minhas atitudes. Sou bom demais para me rebaixar a não ser bom. Bondade é uma qualidade em falta nas pessoas, se de fato a possuo, me orgulho de tê-la.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Entre diálogos e prazeres

É fácil perceber quando não estamos legais e algo está errado, mas é difícil notarmos quando estamos bem. A negatividade que corre diariamente pelos meios de comunicação e o pessimismo em geral nos condicionam a esse “clima”. Não seria melhor apostar no outro lado da moeda?
Entre filosofias existencialistas e discussões acerca de balbúrdias noturnas com meus amigos, percebi que sim, realmente é difícil notarmos as coisas boas da vida para tirarmos proveito delas. Quando falo de “coisas boas da vida” não me refiro exclusivamente a viagens, festas ou pecados carnais, mas a pequenos detalhes que não requerem planejamento ou gastos financeiros. Coisas simples e corriqueiras que colocam sorrisos em nossas faces.
Que tal chegar do trabalho e sentar em uma cadeira para ler uma revista? Que tal acordar de manhã e olhar para o céu, mesmo que seja um dia nublado? Que tal colocar aquele DVD da banda que gosta enquanto toma café da manhã? Talvez não pareçam coisas tão emocionantes, mas as faço quase todos os dias. O simples ato de digitar este texto me proporciona enorme prazer.
Diversos finais de semana passei em casa, navegando na internet, solitário e sem perspectivas. É uma ociosidade e provavelmente um desperdício de tempo, mas se encontrar alguém pra conversar virtualmente, que me alegre e discuta algum assunto interessante, já valeu a pena. Seja sobre o novo filme do Stallone, os gostos musicais atuais ou se é apenas aquela garota maravilhosa contando que pintou as unhas, pode ser o prazer que eu procurava aquele dia.
“Tá mal, hein. Se teu prazer é falar no MSN, tem pouca coisa boa na tua vida.”
Não foi isso que eu disse, leitor incrédulo. Falo de reconhecer que até os momentos que popularmente são ruins podem ser bons. Ao invés de reclamar de estar abandonado em casa, posso encarar como uma oportunidade de ter uma experiência muito agradável.
Claro que falar pessoalmente com as pessoas é melhor, mas nessas horas me encontro entre diálogos e prazeres, e isso não tem preço.

domingo, 2 de outubro de 2011

Confrontando as vontades

Diz o discurso popular que aqueles que seguram muito os sentimentos e não expoem suas verdadeiras vontades uma hora podem explodir. De fato, quando se faz isso a sensação de que uma onda de raiva e fúria emergirá é constante. Há maneiras de contornar tais acontecimentos (até já escrevi um post a respeito, mas esqueci qual o título), porém também há horas que deve-se liberar as energias.

O ano foi difícil até o presente momento, mas todas as dificuldades, amarguras e raiva contida podem ser extravasadas de maneira positiva. Tirei duas semanas de férias e viajei um pouco pelo país. Na primeira semana fui a Brasília ver Judas Priest e Whitesnake em turnê conjunta. Fui de um extremo ao outro durante a noite desse concerto magnífico, pois me emocionei com as lindas músicas (porém ainda assim pesadas) do Whitesnake e liberei a besta assassina em meu peito durante o massacre sonoro do Judas Priest. Além do fato de passear pela capital do país e rever meus queridos parentes, esses dois shows trouxeram ordem ao caos da minha mente.

Na semana seguinte fui além e viajei para o Rio de Janeiro para curtir o maior evento da terra, o Rock In Rio. Não preciso dizer que a cidade é magníficamente linda, e as pessoas que me hospedaram por lá tornaram tudo ótimo, foram grandes amigos. O Rock In Rio em si foi absurdo, a estrutura era enorme, a organização foi boa (tá, nem tanto, mas muito acima do que eu esperava) e os shows representaram mais uma oportunidade de libertar meu espírito para essa música do capeta que é o Heavy Metal. Óbvio que você que está lendo isso deve imaginar que eu fui no dia do Metal e não no da Cláudia Leite ou do Nx Zero.

Esse relato de minhas férias, além de servir pra dar um pouco de inveja a quem só trabalhou, representa uma recuperação do meu estado de espírito. Não que eu estivesse deprimido ou insatisfeito com a vida, mas algumas vezes ficamos na necessidade de fazer algo que valha a pena, que justifique viver feliz.

Os problemas que tive durante o ano ainda estão na mente. Ainda tenho ressentimentos e raiva por algumas pessoas ou situações infelizes. Todos temos. Mas eu confrontei minhas vontades interiores, mostrei-lhes a liberdade e disse "faça o que bem entender".

E, cara, no período de 15 dias eu vi Whitesnake, Judas Priest, Motorhead, Slipknot e Metallica. Meu filho saberá disso.