Agora que chegou aqui não tem mais volta, meu amigo.

Então leia e aproveite o que minha loucura criatividade tem para oferecer.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

As pedras que cada um carrega

 Uma vez, não me recordo o contexto a qual foi dito, mas um colega disse a frase "cada um sabe as pedras que carrega". A situação passou em branco, a frase ficou na minha mente até hoje.

Ao longo da vida, vamos juntando pedras, algumas pequenas, algumas grandes, e elas vão se acumulando em nossa bagagem. Feliz são os que carregam pedras pequenas e leves, tristes aqueles que possuem pedregulhos enormes, as vezes são rochas formidáveis dignas de confrontos de StrongMan. Pior ainda quando estas rochas são colhidas na juventude, e fazem peso durante toda a jornada da vida.

Muitos adoram julgar os outros, sem saber as pedras que carregam. Minha avó, por exemplo, tem pedras pesadíssimas, a décadas. Não vou falar a respeito, seria indelicado expor publicamente o que se passa na vida privada dela. Uma vez, ela teve uma crise, estava sem tomar seus remédios para acalmar, após mais uma dessas pedras machucá-la gravemente. Ela chorou, pos as mãos no rosto e falou "Será que eu sou uma pessoa assim tão ruim? Por quê eu tenho que passar por isso?". Eu não sei vozinha, não sei mesmo. Só me restou dar um abraço naquele momento.

Apesar desse fardo, minha avó é uma pessoa formidável. Sem educação básica, deu estudo a todas as filhas. Sem conhecimentos cultos, fomentou que filhos e netos estudassem, trabalhassem e fossem pessoas decentes. Sem influência na sociedade, projetou sua influência em todos nós. Mesmo com pedras pesadíssimas, ela foi morro acima por décadas, sem esmorecer.

Eu carrego minhas pedras também. Infelizmente algumas muito pesadas. Eu também, por vezes, me olho no espelho e faço as mesmas perguntas que ela fez aquele dia: O que faço de errado para ter isso? Sou assim uma pessoa tão ruim?

Como algumas dessas pedras pesam, como doem, estão ali diariamente machucando minhas costas. Mas quando estou pensando em desistir, o esforço de minha avó aparece na mente. Ela tem pedras maiores e carrega desde antes de meu nascimento. Ela disse uma vez que fica feliz em ter um neto tão forte, querido e que ajuda quando ela precisa. Se uma pessoa com esse fardo dela consegue sorrir e incentivar, eu não vou ceder para nenhuma pedra, não importa o peso.

Eu falei este relato para minha psicóloga a uns dias. Não sei se a terapia está funcionando, eu só vou indo e fico falando, mas não vem ao caso. O que vem ao caso foi a resposta certeira da doutora: "Com que frequência, ao invés destas aí, as perguntas que faz a si mesmo são "o que estou fazendo certo? No que estou sendo bom como pessoa?".

Eu não tenho resposta. Nem para as perguntas negativas, tampouco para as positivas. Mas isso carece de mais reflexão, por ora eu vou comer um pedaço de bolo que minha avó trouxe antes. Bolo de milho. Eu nem gosto muito, já disse pra ela várias vezes que não é meu preferido (o bolo de chocolate dela que é meu favorito) mas ela esquece e faz mais o de milho. Não importa, igual eu não reclamo, agradeço e como com muito bom gosto. Não tem necessidade um bolo de milho ser uma pedra nas costas, é só um bolo e igual parece muito gostoso.

Obrigado pela sua leitura, e que suas pedras não sejam muito pesadas.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

O Príncipe das Trevas

 Ontem, 22 de julho de 2025, faleceu Ozzy Osbourne. Esse acontecimento mexeu comigo, mesmo eu nem considerando ele meu artista preferido no Black Sabbath (Dio é meu ídolo máximo). Ozzy tinha pra mim um significado além do musical, era um dos criadores e representante do estilo que definiu meu caráter, o Heavy Metal.

O Eric adolescente, que passava tardes inteiras pesquisando novas bandas, em uma tarde específica descobriu o Sabbath. Aquela aura, aquele peso, aquela atmosfera, nunca tinha visto nada igual. Me transformou, me moldou. Pesquisei sobre eles, sobre influências, sobre o que fizeram antes, durante, depois, quem veio, quem foi, onde se alimentam, putz vieram aqui em mil novecentos e alguma coisa tocar e eu ainda não era nascido pra ver (droga), e por aí vai.

Ozzy, especificamente, nem era meu ídolo musical como mencionei antes, mas sempre me cativou como uma figura peculiar. Eu inclusive achava sua carreira solo melhor que muitos dos trabalhos dele no Sabbath, mas ele era místico em sua trajetória, pelas loucuras. Eu tenho o livro dele, morria rindo com tudo que ele fez. E não são lorotas, tem muita foto e gente para comprovar que ele era aquele ser indomável e imparável. Arrancar cabeça do morcego, cheirar formigas, mijar em monumentos históricos, a série de TV The Osbournes, fora o uso absurdo de substâncias.

Tive o provilégio de vê-lo ao vivo duas vezes. Em 2011 com sua banda e a outra me fugiu agora o ano, se foi 2015 ou 2018, com o Black Sabbath. Duas noites magníficas e inesquecíveis, sem reclamações.

Mas por quê será que seu falecimento mexeu comigo dessa maneira? Não tenho uma resposta específica, mas é como se um capítulo do meu livro da vida fosse encerrado. O frescor que a figura Ozzy fez no Eric adolescente gerou raízes que perduraram por mais de 20 anos e parece que com sua ida essas raízes foram cortadas. Eu senti o mesmo com o falecimento de Ronnie James Dio. Eu que já sofri algumas perdas na vida, fico abalado quando as despedidas são de meus ídolos.

Mas o Metal é resistência, é selvageria, é confrontar o que te oprime. Ozzy foi um exemplo para gerações. Sua despedida do plano terreno pode ter fechado um capítulo para mim, mas a muitos outros em continuidade e muitos outros que serão iniciados. É isso que o Heavy Metal me faz, é uma chama de fúria, velocidade e peso que nunca se apaga, não importa o quanto a sociedade tente nos corromper.

Viva o Metal. Viva a memória e legado de Ozzy Osbourne. Um ode a tudo que ele representou.



quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Reorganizar a mente

Se você leu meus últimos textos, naquela incrível sequência de uma semana com textos diários (meu recorde), deve ter percebido um tom melancólico nelas. E é verdade, eu não estava bem enquanto escrevia cada um daqueles textos. Neste momento faz menos de uma semana que encerrei um relacionamento de 10 anos.

Por quê? Não vou expor os motivos, até porque não é questão de um bom e um mal na história, foi de certa forma culpa de ambos. Culpas emocionais, físicas, financeiras, entre vícios e virtudes, um caminho que seguia direito se transformou em um caminho difícil e impetuoso. Mas, sério, sem culpas ou acusações, isso acontece.

Destes 10 anos eu guardarei muitas boas experiências, muitos momentos, muitas histórias. Quando a mente e o coração esfriarem, em breve ou em um momento longínquo, que seja isso que permaneça. Que os motivos que levaram ao fim fiquem em segundo plano, assim como a memória de parentes que se foram, tente guardar o melhor que eles te proporcionaram e não as dificuldades (claro, se não eram terríveis contigo, os esqueça, também não precisamos transformar monstros em anjos).

Mas o ponto que quero chegar é: não é fácil. Sério, não é mesmo. Nem pra mim, nem pra ela, nem pra quem está de fora assistindo e dando suporte. Não existem "dicas" ou "preparação", cada caso é um caso, cada situação é diferente conforme as pessoas, e tenho que afirmar que minha mente está completamente bagunçada.

O que me resta agora é reorganizar a mente. A introspecção é a ferramenta dos pensadores. Eu sou grato por esses 10 anos, não guardo rancor pois nossas vidas não são um desperdício, apenas as coisas são como são.

Definitivamente eu não sou um coach de relações, estou no lugar errado para passar aprendizados, só vou dizer obrigado. Obrigado por 10 anos que esteve comigo. Obrigado pelos abraços, beijos, pelas risadas, pelos passeios, pelas cervejas com pizza vendo algo ruim na TV, por aguentar um chato insuportável que nem eu.

Não importam os motivos do fim, importam os motivos que fizeram esse tempo durar. Eu gostaria de estar terminando esse texto com um sorriso, mas estou, pela primeira vez em muito tempo, concluindo com lágrimas nos olhos. Perdão, testosterona líquida, tenho uma imagem a zelar.

Mas é isso. Obrigado, mais uma vez, pela sua leitura.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Indomável

No começo do blog eu escrevi sobre não cair na tentação da bebida alcoólica, aqui. Relendo, ainda é um texto impactante, mas eram muitas angústias de um Eric recém saído da adolescência, cheio de conflitos internos. Hoje, é o mesmo assunto, mas sob outra perspectiva, de um Eric já maduro (tá, nem tanto).

A bebida é uma escapatória rápida da realidade, mas ela é viciante e domina a mente. Eu sou profissional em minha rotina, nenhuma gota de álcool de segunda até sexta fim do dia, eu preciso de sobriedade (mesmo contra vontade) para lidar com meu trabalho.

Antigamente eu tinha uma regra, eu beberia apenas um dia na semana. Ou sexta, ou sábado ou domingo. Claro que, no auge da minha juventude, rapidinho virou dois dias, pois que jovem não faz arruaça sexta e sábado sempre que possível? Eventualmente, mesmo bebendo os dois dias, no domingo iam mais umas para fazer aquele churrasco ou apenas para finalizar o final de semana. Percebe a escalada?

O que antes era com ímpeto de felicidade se tornou necessidade. De maneira que uma sexta ou sábado sem álcool a boca fica seca, parece que algo está faltando. Para alguém que é mais jovem e forte, cheio de amigos e saindo, isso até pode fazer algum sentido, mas para um homem feito é um aviso de que algo está errado.

Eu tenho fases, nunca caí de fato dentro da bebida como um alcoólatra, mas a tentação é forte e, quando vejo que está me dominando, ativo o Dark Eric Guerreiro e expurgo ela de meu corpo. Passei por isso a pouco, me vi bebendo direto em meu tempo livre, querendo sempre mais, sendo que o efeito parece cada vez menor. Antes 3 latas para fechar uma sexta de muito trabalho, e eram o suficiente, de repente me vi tomando 6 e escalando para mais.

Não posso me permitir isso. Eu sei que sou um homem amargurado por algumas escolhas e acontecimentos na vida, mas não posso ceder a algo tão fraco. Não posso me afogar no álcool. Se é para me afogar, que seja em êxtase nos braços de alguém especial, que seja de felicidade olhando uma manhã de sol, que seja de alegria legítima com família e amigos (e eu tenho os dois). Afinal, eu sou um ótimo nadador, e devo manter meu espírito indomável para a alegria vazia que o álcool traz.

Que até os últimos dias, a garra para virar minhas escolhas continue. Que eu permaneça Indomável em essência, me deixando controlar apenas pelas emoções e sentimentos transformadores.

Mais uma vez, obrigado pela sua leitura.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Inspiração

Sim, vou cumprir a meta de um texto por dia esta semana, parando amanhã que é feriado em meu Estado. Que orgulho. Provavelmente após isso vou deixar um hiato de pensamentos, voltar a escrever apenas quando vier aquela inspiração.

Mas o que me inspira?

É complicado, cada um tem suas motivações próprias, eu comentei dois textos atrás que raiva e ódio são o que costuma me mover para mudanças, mas não são as inspirações para os momentos delicados e reflexivos.

Eu me inspirei outro dia quando minha cadelinha pulou em minha cadeira e me abraçou. Sim, ela me abraçou, mesmo que irracionalmente, aquilo me encheu de alegria. Em uma manhã de sol, logo que acordei, me inspirei ao olhar para as árvores da minha casa e ver diversos passarinhos cantando, fui tomado por uma paz de espírito.

Eu me inspiro com uma conversa sincera, em rever alguém que a muito não via, em ouvir uma música que faça eu viajar para longe, o fato de estar respirando e levantando a cabeça frente a tudo que me acomete é uma inspiração por si.

Eu olho meu rosto no espelho, não sou mais aquele garoto risonho e cheio de expectativas, mas sempre que me vejo em um momento transformador eu sinto uma renovação de juventude. Preciso me inspirar mais, preciso manter a juventude de meu coração, o fogo do guerreiro não pode apagar sem luta.

Se você está lendo isso, seja hoje ou daqui a 10 anos, você é uma inspiração para minha escrita. Obrigado e até mais.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Hector Invictus III

Seguindo a promessa de um texto por dia essa semana, esse é um relato que eu segurei por muito tempo, do querido Hector Invictus III, um cachorro especial que entrou em minha vida e infelizmente se foi este ano.

Hector era um boxer forte, obediente e brabo. Sério, quando pequeno foi complicado, o bicho era um tanto agressivo, até que foi adestrado e se tornou um "lorde inglês" tal qual suas boas maneiras. Foi adotado de uma ninhada no bairro. Não posso negar um fato, eu não gostava tanto dele. Sempre fui apegado a cachorros mais bobos, mas sua personalidade peculiar cativava, ele tinha sim um lugar especial em meu coração.

Ele passou por alguns maus momentos, não morava comigo e foi negligenciado, acabou quase morrendo por uma coisa muito besta. Então tomei a decisão de trazê-lo para minha moradia, e fiquei feliz que a luz dele acendeu a luz em minha outra cadela, a Preta, que estava em depressão após a partida de sua companheira Xena Maria. Sim, é um fluxo de dogs esse conto haha.

Sabe aquela frase do amor a primeira vista? Definitivamente não foi o caso, apesar de ser positivo os dois ficarem juntos, começaram a brigar. Por fim, houve a chegada de um terceiro membro mediador, a indomável Pitica, que deixou tudo mais calmo, mas acabou que Hector foi morar com meus avós, que careciam de uma boa companhia. E aí sim, foi uma virada de glória.

Eu poderia dizer muitas coisas, mas eu não tenho como exaltar mais a benção de Hector naquela casa. Ele se mostrou um dog perfeito, companheiro e trazia a alegria máxima para aquela residência. Ele ficou por cerca de três anos, sempre com alegria e emoção, foi muito impactante.

Entretanto, a vida é finita, principalmente para nossos pequenos animais. Certo dia ele passou mal, não conseguia respirar. Fomos para o veterinário, bateria de exames, o pequeno sofria de um problema crônico a boxers, seu coração estava muito grande. Ele partiu 3 dias depois.

E foi assim, simples, que ele veio e se foi. Deixou marcas que ficarão para sempre, pequeno Hector Invictus III.

Ah, está curioso com o por quê desse nome? Hector pelo herói grego, Invictus pelo poema inglês e III (terceiro) porque eu tenho uma estranha lógica de redenção, onde o terceiro vai restaurar a glória de sua dinastia. E sim, de fato, ele trouxe muita glória. Obrigado, Hector. Breve e marcante, como um herói deve ser.







terça-feira, 17 de setembro de 2024

Você pode andar sob o Sol

Que coisa, depois de um hiato de quase 4 anos, eu tenho vontade de escrever dois dias seguidos? Quem sabe essa semana não faço um texto por dia. Sei que aqui temos poucos leitores, não sou alguém famoso, mas eventualmente esse texto chega em uma nova alma que busca bons textos.

Acho que já comentei em muitos textos que meu ídolo máximo na música é o falecido Ronnie James Dio. No mundo do Rock/Metal é chover no molhado falar da importância dele, mas se você não o conhece, é provavelmente o maior vocalista da história do Heavy Metal, pois ele teve lançamentos de sucesso e importância em basicamente tudo que ele passou, dos anos 60 até o falecimento no começo dos anos 2000. Sempre se reinventando, com letras magníficas, um peso inigualável e dentro de bandas que fizeram história para gerações de jovens revoltados.

Tá, mas o que tem de mais? Para quê estou falando disso?

Acontece que ele tem algumas das músicas que mais me impactaram em momentos específicos. Quando precisava crescer e buscava meu lugar ao sol, eu me via o Homem na Montanha Prateada (Man on The Silver Mountain). Quando queria me arriscar e ser intenso, nada como desafiar o destino e Morrer Jovem (Die Young). Já caí de amores por uma Garota do Campo que levou minha alma (Country Girl). Já me imaginei em grandes aventuras matando dragões (Killing The Dragon) e também já me senti como se estivesse morrendo ao amanhecer, de novo e de novo (Over and Over).

Não tenho nenhuma conexão tão forte com qualquer outro artista/banda. Mesmo aquelas músicas fantasiosas, sempre me deparava com alguma frase que me motivasse, que me transformasse, que fizesse uma reflexão.

A frase título é da música Cought in The Middle, cujo trecho abaixo é renovador:

Ao olhar para dentro de si mesmo

Talvez você veja alguém que não conhece

Talvez seja exatamente isso o que você precisa


E você, já olhou dentro de si mesmo?