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sexta-feira, 20 de março de 2009

E a lembrança é o que fica

Sabe, por mais que um homem se julgue forte e inabalado, sempre há tormentos em seu interior que podem fazê-lo desabar. E a saudade daqueles que gostamos é o que mais machuca e traz a tona tudo de bom e ruim que passamos ou sentimos.

No útimo dezembro, meu cachorro se foi, por causa da velhice. O velho Malandro, também conhecido como Mandico. E, um dia desses quando voltei da faculdade tarde da noite, todos já dormiam, então me joguei no sofá e comecei a pensar. O meu grande amigo veio à mente. E, nossa, como a saudade conseguiu transformar meu cenho por vezes severo, por vezes alegre, em algo emocionado e sofrido.

Me lembrei desde os tempos de juventude, pois ele me acompanhou em todas as conquistas, da mesma forma que em todas as derrotas.

Porém, nem sempre eu dediquei o carinho e amor merecidos. Quando eu era pequeno e idiota, eu não o cuidava direito, não o alimentava, por vezes fazia brincadeiras que ele não gostava. Eu não me preocupava nem um pouco, pois era um cachorro novo, e meus avós tratavam de cuidar dele. Mas dessa maneira transcorreu minha vida e meus sonhos, sempre com meu fiel amigo ao lado.

Até que um dia, mais adiante, ele já tinha por volta de 13 ou 14 anos, resolvi brincar um pouco. Já não demonstrava o mesmo entusiasmo, a mesma força, a garra que tinha ao brigar com os outros cachorros dos vizinhos. A verdade me surgiu e foi uma das piores descobertas que já tive: Ele estava ficando velho, e em breve partiria.

Na época isso me destruiu. E como num toque de mágica, mudei radicalmente minha posição. A partir daquele dia, dedicaria todo tempo possível a meu amigo, sempre lhe dando amor, carinho e o que mais eu tivesse de bom pra oferecer.

E ele me correspondia na mesma altura. Vinha correndo em minha direção todas as manhãs antes da minha partida, aguardava ansioso toda vez que eu lhe alimentava, protegia nosso lar durante dia e noite, ouvia meus desabafos quando me sentia mal e ficava no portão esperando meu regresso todos os dias.

Os anos passaram, cumpri minha promessa. Fiz todo o possível para dar conforto e amor a ele. Porém, a idade ia pesando, e cada mês o imponente animal ia perdendo sua identidade. E eu, aos poucos, ia ficando apreensivo e com medo do que logo ocorreria. Mas uma coisa posso garantir: Meu amigo era feliz.

Chegou dezembro. Ele estava mal, muito mal. Não tinha mais forças, estava praticamente cego, a agonia por vezes transpassava em sua expressão. Uma decisão foi tomanda. Foi mandado para um veterinário, onde sua jornada terminaria.

Nunca esquecerei aquele dia e o último momento que passei ao lado do velho Malandro. A dor que senti após sua partida é indescritível.

Uma hora: Esse é o tempo que fiquei no sofá pensando.
Quatro meses: Esse é o tempo que levou para eu poder contar isso tudo.
Dois anos: Esse é o tempo que havia se passado desde a última vez que uma lágrima tinha caído de meus olhos.
Dezoito anos: Esse é o tempo que o melhor dos cachorros permaneceu fiel ao meu lado.
Uma vida: Esse é o tempo que a lembrança dele permanecerá na minha mente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Porra meu!
Podia fazer um texto bom como fez, mas deixar o cara com lágrimas nos olhos não vale!
Parabens.

arthurraupp disse...

Baita texto, meu velho!
Que o Mandico tenha ido em paz
Abraço!

Eric Rafael Alves disse...

Obrigado pessal